segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MEDO.

Pelos becos das favelas onde domina o poder paralelo,
Vi diversas crianças junto ao esgoto,brincando ao céu aberto,
Até que uma voz em destaque começou a falar:
Mãos para o alto, eu vou atirar.

Chamou- me a atenção o poder de inibição,
De um garoto com uma arma na mão.
Que tristeza veio ao meu coração
Quando aquelas crianças levantaram suas mãos,
Perdendo seus únicos brinquedos para um pequeno ladrão.

Ao olhar em seus olhos, vi a maldade em seu coração,
Que fazer neste momento? Estava com tanto medo...
Coragem tomei e até a ele me dirigi,
As crianças perplexas, olhavam meu movimento,
Achando que eu seria a solução para aquele momento.

Estufei meu peito e a cabeça levantei,
E, com uma voz bem colocada, a ele falei:
Ei garoto o que pensa que está fazendo?!
Deixem essas crianças! Parem de chorar!

Meu medo foi tanto que quase não me controlei,
Quando para mim ele olhou, sua arma apontou,
E com o dedo no gatilho, disparou!
Minha mão foi ao rosto, tentando me proteger,
Não havia mais o que fazer...

Depois de alguns instantes, escutei gargalhadas,
Eram os garotos curtindo com a minha cara,
Sua arma era de brinquedo e com as outras crianças veio brincar.
Ufa! Apesar do suor que a situação provocou,
Perdôo aquele garoto que de susto quase me matou.

(Edson Marcio M. dos Santos)

domingo, 10 de agosto de 2008

MSN


Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.
Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram
a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor,
saudades, empolgação traduzidas através do nick.

O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME
quelhe foi dado no batismo.
Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar
clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e
Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro
Henrique' é o
MSN de Marcela Cordeiro. Mas a melhor parte da brincadeira é que
normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito e perfil da
pessoa.
Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para
analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...

'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar.
Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o
namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de
semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem
vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo
de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.
O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio',
já que
o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais
balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de
sua mira,
de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva
na ex.

'Polly em NY' acabou de entrar.
Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana.
Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda
'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem
feita
a Praia-Grande - SP ?
'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar.
Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e
interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas
paradas de sucesso.
Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa
Arreia' na
época do carnaval.

Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar.
Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque
tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.

' Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar.
Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma
pessoa dessas entrar, puxe
papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na
telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.

'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar.
Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora
disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é
tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua
amigas piriguetes(perigosas).

'Marizinha no banho' acabou de entrar.
Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca
seu nick para 'Marizinha bebendo
água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas
nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na
natação'.

' < . ººº< . ººº< / @ e $ $ ! - @ >ªªª .
>ªªª >' acabou de entrar.
Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado.
Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc
mtuXXX, ti mandá um bjuXX'. 'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar.
Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá
dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar
outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.

'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ
DO
EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de
entrar.
Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a
janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço
publicitário.

'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro
seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de
música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo
sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá
arrumar alguém pra fazer o servicinho.

'Danny Bananinha' acabou de entrar.
Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos
insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se
comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no
espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não
chegará nem a figurante do Linha Direta.

Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer
coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal
para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do
nome!! Vamos facilitar!!!!


Arnaldo Jabor

(Recebi esse texto de um amigo)

Fora da Ordem.

Cada dia que passa, fico mais apreensiva com coisas que acontecem bem debaixo de nossos olhos e que mesmo não concordando, raramente fazemos algo para modificar e impedir que tornem a acontecer.
Que a saúde está caótica em vários estados do pais todo mundo sabe, mas a aliança de gestões incompetentes, profissionais de caráter duvidoso e pessoas com nenhuma instrução e conhecimento sobre determinados assuntos, fazem com que a situação tome proporções penosas.
Dia desses conversava com minha mãe, que precisara de atendimento médico. Passou quase todo o dia para ser atendida. Mas chegou em casa aliviada, por ter percebido que seus problemas não eram maiores do que o de muita gente. Ficou me contando todas as coisas que ouvira lá. E disse ter se divertido muito com uma nordestina que falava alto e ria de tudo como se o mundo fosse azul.
Em meio à conversa animada de minha mãe, uma coisa me deixou chocada.
Disse-me que a mulher que divertira todos os presentes com histórias engraçadas e "verídicas", havia contado em alto e bom som, para quem quisesse ouvir que sua filha aos 15 anos engravidara de seu segundo filho. Imaginando que se não desse um basta, logo estaria com a casa cheia de netos, conseguiu com uma "amiga" o endereço de um médico que por 500,00 tirou trompas e todos os órgãos reprodutores da menina.
Minha mãe falou que ela contava isso com graça e achando que não havia nada mais correto a ser feito.
Fiquei calada ouvindo e embora não conhecesse nenhum dos envolvidos, a situação me deixou triste.
Triste pela menina, que apesar de toda informação não tomou conta de si mesmo, e agora tinha seu futuro totalmente comprometido. Triste pela avó, que acreditava ter feito o melhor para sua filha e triste pela falta de sensibilidade de um profissional que por tão pouco pra ele, mas com certeza muito para a família que pagou incapacitou uma criança provavelmente para toda a vida.
Curiosamente outras pessoas que ouviram tal coisa, não viram problema algum no ocorrido.
E eu fiquei pensando que talvez fosse eu que estava emotiva demais ao ficar escandalizada com o fato. Mas tinha a sensação de que alguma coisa estava muita fora da ordem naquele episódio.

O Homem do Penhasco

Contam que Deus, um dia, marcou um encontro com um homem muito religioso no alto de uma montanha sagrada. O homem se preparou para o encontro com muito recolhimento, oração,jejum e, no dia determinado,subiu a colina cheio de fervor.
O caminho era íngreme e a subida estava levando muito tempo, e o homem começou a ter medo de perder a hora marcada. Rogou a Deus que lhe desse forças para não chegar atrasado. Foi quando viu um homem caído na beira do penhasco, machucado e pensou: " Estou atrasado, depois eu volto para socorrê-lo".
Ao chegar no topo da montanha, esperou, esperou, e Deus nada de aparecer. "Que pena! Pensou ele desolado, por que não subi mais depressa?"
Desceu desanimado.
Ao passar pelo penhasco, não viu mais o homem caído, mas havia um bilhete junto à rocha que dizia:
"Quem sabe, outro dia, quando estiver menos apressado, você consiga me reconhecer?"


(Retirado do livro Sementes do Bem)

Aprendendo a Jogar.

Quando tinha uns catorze anos, minha irmã, eu e alguns colegas fomos convidados a participar de uma excursão a São Pedro D'Aldeia. A responsável pela excursão era uma vizinha nossa que sabia que não tínhamos como pagar, mas queria preencher os lugares que não conseguira vender. A princípio não queria ir, mas fui convencida por minha irmã, já que ficaria quase sem chances de ir, caso eu também não fosse. O ônibus fez uma parada em Niterói para pegar alguns rapazes que trabalhavam com o marido de nossa vizinha responsável pelo passeio. Um deles sentou-se ao meu lado e fomos conversando até lá. O dia foi alegre e sem transtornos. Mas não conversei mais com meu colega de viagem.
Em casa, o comentário era que o rapaz havia se interessado por minha irmã. Uma semana depois minha vizinha chamou-me para dizer que ele estava em sua casa me esperando. Expliquei-lhe que não era eu quem ele procurava. Saí com uma colega e demoramos um pouco. Ao retornarmos o rapaz estava parado exatamente no portão onde teria que passar para entrar em casa.
_ Até que enfim apareceu a Margarida. _ ele falou quando me viu.
_ Boa tarde. A Margarida havia sumido?_ perguntei sem entender nada.
Minha colega entrou e fiquei ali conversando com ele. Logo soube o motivo de estar a minha procura.
Chamava-se Gabriel (nome original), morava em Santa Teresa, tinha quase o dobro de minha idade e trabalhava no banco Sul Brasileiro(hoje já extinto). Disse que estava interessado em mim. Fui sincera e direta. Não queria namorado. E falei que achava estranho alguém querer namorar uma pessoa com quem mal tinha falado.
Ele ficou meio constrangido, mas explicou-me o motivo do suposto interesse. Minha vizinha havia dito a eles que eu nunca havia namorado, então fizeram uma aposta de que ele seria o primeiro a me conquistar. Se eu mantivesse minha negativa, perderia a aposta (que eu nem quis saber qual era). A princípio fiquei furiosa com a situação. Mas acabei achando engraçado tamanha infantilidade.
_ Depois dizem que eu sou criança. _ falei deixando-o encabulado.
Gabriel tinha olhos verdes e usava óculos de lentes grossas. Disse que o meu vizinho seria o encarregado de divulgar o sucesso ou fracasso do desafio.
Minha opinião não mudou sobre namoro. Ao contrário de Robson, Gabriel não me atraia em nada. Mas concordei que ele dissesse aos colegas que havia conseguido. E aproveitando um colega comum que passava por nós, aproveitou para beijar-me. Beijo, que não me transmitiu nada.
Foi embora me agradecendo por ter ganhado a aposta, já que o colega que vira o beijo encarregara-se de dizer ao meu vizinho o que havia visto.
Mas para meu total espanto, no final de semana seguinte Gabriel voltou dizendo que viera me agradecer uma vez mais. Conversamos por um tempo, mas logo ficamos sem assunto. Gabriel, não queria ir embora e pediu-me lápis e papel. Não entendi, mas atendi o pedido. Algum tempo depois nos divertíamos a valer brincando de jogo da velha e forca. Durante algum tempo repetimos aquele ritual maluco, mas gostoso. Mas começou a ficar difícil convencer as pessoas de que não havia nada entre nós. Perguntavam-se o que um homem ganhava em sair de tão longe todo fim de semana para fazer companhia a uma menina? Não fazia sentindo também tentar explicar-lhes que gostávamos de brincar. Embora fosse a mais pura verdade. Então resolvemos parar de nos ver.
Não coloquei mais os olhos naquela pessoa, mas ainda lembrava com carinho aqueles momentos.
Por isso deixo um recado a ele.

"Gabriel, não é raro pensar que a vida seria bem mais alegre e ganharia maior sentido, se como você as pessoas apreciassem as maneiras simples e infantis de passar o tempo. Assim como eu, elas se surpreenderiam ao descobrir que brincar é muito bom, não dói e é barato. Torço para que você não tenha se deixado levar pelos problemas e esquecido seu lado moleque e infantil que tão bem me fizeram. Me ensinando a encarar a vida com a leveza necessária para encarar os desafios. Espero que esteja bem. Beijos".

sábado, 2 de agosto de 2008

Simplesmente singular.

Era muito estranho ver que aos poucos aquele rosto se tornava presente em tudo o que se fazia no grupo. Não que tivesse nada contra ele, mas não parecia o tipo que se misturasse em grupinhos escolares. Tinha algo de imponente e intrigante na forma de olhar as pessoas. Em resumo era mesmo um metido a besta.
É bem verdade que sua presença animava bastante e em pouco tempo já era querido por todos. Mas a impressão sobre ele não mudou. Era quase insuportável.
Como tinha nome composto, em cada local era chamado de uma forma, a família, eu e os amigos de trabalho. Optou por seguir carreira militar.
Querem saber se isso mudou a postura daquele quase menino? Claro que sim. A rigidez da profissão transformou –o em uma pessoa fria e distante.
Ele é o homem dos contrastes. Ouvia Fátima Guedes, mas adorava um samba. Gritava ao invés de falar. Gargalhava mesmo quando a idéia era simplesmente sorrir. Encarava o sexo como uma atividade física indispensável e imprescindível ao ser humano. Todo dia e toda hora, em todo e qualquer lugar.
Dizia aos quatro vento que não gostava de mulher preta.
Mas casou-se com uma.
Passava a impressão de não gostar de crianças, isso sempre foi um mistério que jamais desvendei. Porque as crianças sempre estavam por perto e felizes ao lado dele.
Mesmo no auge de sua fase adulta, tinha momentos que mais se parecia um menino levado. Gostava de sentar no banheiro enquanto a mulher tomava banho. E olha que os banhos dela eram demorados. Mas ele nunca reclamava. Sempre ficava ali, falando de seu dia de trabalho ou de algo que o alegrara ou desagradara como se aquele fosse o melhor lugar do mundo para conversar. Putz...e como falava a criatura! Era bom porque contrastava com o jeito calado da mulher preta que escolhera para casar.
Sempre escolhia o que queria comer. E comia bem. Nunca perdia o sono ou a fome, por mais difícil que a situação se apresentasse.
Beber???? Como bebia.
Não era muito ligado na família, embora todos lhe devotassem um amor desmedido. É obvio que isso causava um certo desconforto, pois a família acreditava que a mulher era a responsável por seu desinteresse.
Tinha um comportamento interiorizado. Poucas pessoas conseguiam arrancar-lhe o que sentia, queria ou pensava. Era o que os matemáticos denominavam uma incógnita.
Às vezes parecia hipócrita, porque condenava nas pessoas, aquilo que fazia sem culpa. Comentários muitas vezes preconceituosos faziam com que a idéia de ser ele um hipócrita inconsciente se acentuasse.
A mulher que escolhera para casar era muito diferente dele. Conhecido como um homem ríspido, ninguém jamais presenciou qualquer grosseria dele para com ela. Talvez fosse aquela mulher preta, calada e observadora a única pessoa que não tinha medo de dizer-lhe na cara o que pensava sobre ele. Não. Ela não tinha medo, porque mesmo não gostando sempre ouvia o que ela dizia. E a chamava de abusada e folgada. Tinham brigas homéricas, mas no mesmo nível. Ali, entre os dois, não havia o mais forte, homem ou mulher ou o mais inteligente. Não havia xingamentos, (quando discutiam) nem mesmo o menor deles, embora ele dificilmente se expressasse sem palavras feias. Mas compreendera que entre ele e a mulher que escolhera para casar a coisa precisava ser civilizada para funcionar.
A mãe maravilhosa que ele tinha servia para unir um pouco o casal, pois a mulher dele amava de paixão aquela mulher de fala mansa, sofredora, hiper dominadora, mas determinada e sensata.
Quem foi que disse que noras não amam suas sogras. A mulher dele amava sim e dizia isso a quem quisesse.
Talvez o fato de ter sido ele uma criança temporã, tenha sido criado sem limites e com um amor excessivo, embora só ele não se desse conta disso.
Chamava a mulher carinhosamente de Paixão e era chamado por ela de Vida .
Tinha momentos de extrema ternura e carinho quando mesmo brigado ou muito cansado pedia à mulher que deixasse ele ficar deitado em seu peito ou dormisse de conchinha. Sem qualquer intimidade com a cozinha fritava batatas e locava filmes para ficarem abraçados por horas a fio e sem falar. Era um homem que ao ver a mulher reclamar dos cabelos embaraçados, pacientemente desembaraçava-os. Jamais, nunca em tempo algum andava na rua sem segurar-lhe a mão.
Mas duas coisas tiravam aquele homem do sério naquela relação. Uma delas era a saúde frágil da mulher. Era algo que ele não sabia, e não queria aprender a lhe dar. A outra era o fato dela não ter pelo sexo a mesma proporção de interesse que ele. A soma dessas duas diferenças desencadeou uma separação. Primeira e última.
Separou -se o casal, mas a relação entre ambos melhorou muito. Falavam -se, conversavam, tentavam ajudar e entender um ao outro. Não havia tempo e nem espaço nessa relação para questionamentos do passado ou intrometer-se no presente.
Anos depois quando se viam, como em um acordo não verbalizado só falavam sobre as coisas boas que viveram ou fizeram.
Ele? Continua o mesmo. Divertido, desbocado, irritante, paquerador incorrigível e uma figura sem igual. O tempo só me confirmou o que disse-lhe uma vez: É uma figura totalmente singular.
Agora são Horas e Minutos - Seja Bem Vindo(a)
Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.
(Mário de Andrade)