sábado, 25 de outubro de 2008

A Importância do NÃO.

UM ALERTA PARA OS PAIS!!!
Criando um Monstro
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a
própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada?
Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação
social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental?
Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas
de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar
vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas
inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse Não, não
quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.
Seu desejo era mais importante.
Não quero ser comparado como um desses psicólogos de araque que infestam os programas
vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e
fala descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.
Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei
que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa
história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um
rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir
lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais
dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a
filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com
vida. Faltou à polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a
garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da
imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e
chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.
Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi
punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores
morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer
não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas
têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às
sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue
dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez
alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando
escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da
namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é
normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns
tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em
brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não,
você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma
novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for
contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai
dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha
enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.
Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola
sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto
você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no
parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS
crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a
vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam
sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam
mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo
contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um
amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender
uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor
dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E
quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é
preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que
tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que
sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o
meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos
que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a
verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência
cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.
(Autor anônimo)

(Recebi esse texto por e-mail e embora o autor seja anônimo,as consequências da falta de um não,é conhecida por todos.Direta ou indiretamente).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Reflexões...


"O dia mais belo? Hoje.
A coisa mais fácil? Errar.
O maior obstáculo? O medo.
O maior erro? Abandonar.
A raiz de todos os males? O egoísmo.
A distração mais bela? O trabalho.
A pior derrota? O desânimo.
Os melhores professores? As crianças.
A primeira necessidade? Comunicar-se.
O que mais lhe faz feliz? Ser útil aos demais.
O maior mistério? A morte.
O pior defeito? O mau humor.
A pessoa mais preguiçosa? A mentirosa.
O pior sentimento? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O mais imprescindível? O lar.
A rota mais rápida? O caminho certo.
A sensação mais agradável? A paz interior.
A proteção efetiva? O sorriso.
O melhor remédio? O otimismo.
A maior satisfação? O dever cumprido.
A força mais potente do mundo? A fé.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
A mais bela de todas as coisas? O amor."
Madre Tereza de Calcutá.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Celular.

"Lembro em meados dos anos 90 quando este aparelho chegou por aqui. Por volta de 1997 era um símbolo de status possuir um e andar pela rua ostentando seu.E o Motorola Startac era o ápice.Naquela época isto ficava muito além de minhas possibilidades, mas ouso dizer que não compraria um mesmo se pudesse, pois se sou totalmente avesso ao telefone, falando somente o básico, carregar um celular não era uma idéia agradável.Além do que, não havia nada de adicional ou espetacular nos celulares da época. Era só pra substituir o fixo mesmo, sendo ideal para médicos, advogados, vendedores, etc., o que não era meu caso, portanto poderia muito bem viver sem um.E assim o fiz até 2006, quando em maio o estado de São Paulo passou a ser sacudido por uma onde de atentados causados por uma "ação entre amigos", trazendo o pânico durante dias seguidos à todos os cidadãos.A fim de poder tranqüilizar a família, resolvi que era chegada a hora de adquirir um celular. Para tanto comecei a pesquisar os modelos disponíveis e as características que queria. Não era nada de excepcional, somente tinha que ser na cor preta, pequeno, em formato concha, sem antena, com câmera e bluetooth (afinal não queria mais um cabo pra transferir dados para o computador).O bam-bam-bam da época era o V-3 da Motorola, que apesar de atender algumas das características que eu queria, era totalmente fora em outras, afinal, apesar de fino não era tão pequeno quanto gostaria, além do que já era, como se diz por aqui, carne de vaca pois todo mundo tinha.No final acabei optando pelo modelo Z530i da Sony Ericsson que atendia às minhas expectativas.De posse do brinquedinho novo, parti logo por cadastrar os amigos, colocar toques personalizados, colocar os papeis-de-parede, etc. Mas sabia que uma coisa não ia mudar, ele iria ficar mais guardado que em uso.Em 2007 fui apresentado a uma moça, trocamos fones e depois de um tempo comecei a receber mensagens SMS de bom dia. Estranhei, mas sempre respondi. Como sempre conversávamos via MSN, achei normal.Bem, não era. Tempos depois me confessou que estava apaixonada por mim. Passado a surpresa, continuamos a nos relacionar dessa forma, onde o SMS é o principal aliado, afinal é uma boa forma de superarmos nossas inibições.Atualmente, para minha surpresa, eu que normalmente dou o tradicional bom dia, o que é de estranhíssimo, pois não era afeito a estes refinamentos no dia-a-dia. Mas considero algo extremamente importante, afinal o dia já é suficientemente corrido.Aos homens casados, namorando ou com algum relacionamento em curso, aqui vai uma dica: perca uns dois minutos do dia para mandar uma mensagem SMS para sua esposa, namorada, parceira, etc, etc. E não precisa ser nada demais não, minha gente!! Um simples: gosto de você, amo você, bom dia, nos vemos à noite, fará maravilhas à sua vida à dois.Dizem que o ponto G das mulheres se localiza nos dois ouvidos, mas não é só isto. As mulheres são extremamente visuais também, principalmente para o que elas gostam e receber uma mensagem sua fará toda a diferença para o dia dela e seu, pois quando se encontrarem você já estará mais do que presente. Ou seja, em tempos de investimentos de alto risco que vivemos por aí, devido à queda das bolsas, gastar menos de R$ 1,00 num SMS para quem você gosta é um investimento com dividendos certos e sem nenhum risco. Tente! Só terão a ganhar!Hoje o meu celular é meu despertador, minha agenda, meu cupido e onde guardo alguns presentes que me são caros; apenas não uso para sua atividade fim, ou seja, como telefone propriamente dito, pois como suspeitava, não sou fã disto."

(Escrito e enviado por um amigo querido).

VISÃO!!!!

Quando tinha quatro anos, minha mãe veio para o Rio de Janeiro, deixando-me na Bahia com minha avó.Trouxe Rosana minha irmã mais velha para tentar resolver a vida e assim que tivesse condições de manter-se mandaria me buscar. Com o tempo passei a chamar minha avó de mãe.
Com quatro, já freqüentava a escola. E com minha prima fazia sempre o mesmo trajeto todos os dias. E foi em um desses retornos que sofri um acidente. Voltava da escola, quando minha prima e eu resolvemos passar na padaria. Na saída um rapaz que corria em sentido contrário derrubou-me, bati com a cabeça no meio fio e me machuquei toda. Cheguei em casa chorando e sangrando, minha avó sabendo que eu não era de chorar á toa, tratou de limpar-me para ver a gravidade da situação. Apesar de estar bem machucada, não havia nada que merecesse maior preocupação. Minha avó foi procurar o rapaz (em cidade pequena todos se conhecem) e ficou sabendo que na hora do acidente ele estava correndo atrás da irmã, para pegar uma manga. Acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça e acabei por levar uma surra da minha avó. Percebendo que não era manha, colocou compressas de saião e mastruço em minha testa. Mas estava tão quente que acabaram por me queimar. Dois dias ainda passei com a cabeça doendo e no terceiro amanheci sem enxergar. Minha avó que não sabia reagir de outra forma tornou a me bater, por não conseguir compreender o que estava acontecendo. Achava que tinha que me punir.
Nos dois primeiros dias, ainda conseguia divisar alguns vultos, mas logo estava totalmente cega. A íris de meus olhos havia subido, o que a princípio me possibilitava enxergar, quando levantava as pupilas, mas aos poucos perdi também essa possibilidade, e logo estava totalmente ás escuras.
Minha avó e minhas tias entraram em completo desespero e me levaram ao médico, que me transferiu para Salvador, pois a cidade interiorana em que vivia não havia recursos. Mas antes ainda tentaram alguns tratamentos com remédios fortes, mas que não surtiram efeito. Em Salvador precisei ficar internada, submetida a uma bateria de exames e indagações, que ninguém sabia explicar. O resultado disso foram quatro meses de internação. Certo dia ouvi uma enorme confusão de vozes exaltadas no corredor, saí do quarto para "ver" o que estava acontecendo. Depois fiquei sabendo pelas enfermeiras que haviam se divertido com a situação, que minha querida e esquentada avó, havia segurado o médico pelo colarinho e encurralado-o na parede, precisando ser contida por outros funcionários. Quando pude conversar com minha avó, perguntei-lhe o que estava acontecendo, e ela me disse que eu sairia de lá, porquê o médico havia dito, que eu não teria cura, pois minha cegueira era de nascença.
Fiquei algum tempo em casa, até que dias depois a esposa de meu padrinho que trabalhava no hospital de clínicas de Salvador conseguiu uma internação para mim. Diariamente era submetida a uma bateria de exames por uma junta médica e apesar do esforço da equipe, não conseguiam achar uma causa clínica para o meu caso. O neurologista achou que o melhor seria a cirurgia e começou a preparação assim que conseguiu a autorização de minha avó, que era (nos termos de hoje) minha representante legal. Apesar das constantes tentativas de minha tia de escrever a minha mãe contando o que estava acontecendo, minha avó não permitiu. Não queria preocupa – la.
Fui levada a uma sala, onde iniciaram o corte de meu cabelo. Foi à primeira vez que chorei, desde que tudo começara. Tinha um cabelo enorme e cada mecha que caia era um soluço que saia de minha garganta. E foi só quando iniciaram a raspagem que pude perceber que o que sentia era medo. Naquela noite não quis conversar com ninguém e nem jantar. Nem mesmo o clínico geral que era alguém de quem gostava e confiava, conseguira melhorar meu ânimo. No dia seguinte pela manhã fui levada a uma sala onde fazia um frio horrível, havia várias pessoas a minha volta. Fizeram alguns rabiscos em minha careca, que eu não sabia o que eram e nem conseguia vê-los através do espelho que havia sobre mim. Uma injeção e logo todas aquelas pessoas tornaram-se apenas vultos, até a escuridão total. Voltei à enfermaria e permaneci tanto tempo naquele hospital que passei a agir como se lá fosse minha casa. Minha avó como um cão fiel, me visitava todo dia, já que nessa época não era permitido acompanhantes para internos, ainda que esses fossem crianças. A minha rotina baseava-se em ficar com a esposa de meu tio no setor de radiologia onde ele trabalhava, até que uma enfermeira durona fosse me buscar, levando-me dois andares de escadas puxando minhas orelhas. No início reclamei com minha avó, mas ela havia dado permissão a tal mulher para que agisse com o rigor que achasse necessário. Eu levada que era não deixava de ir à sala de minha "tia". Porém nunca entendi o porque de ninguém nunca ter tomado qualquer atitude diante de tais cenas da enfermeira.
Após o almoço, ajudava as enfermeiras do plantão a dar banhos nas crianças do setor de queimados. E era uma cena grotesca. Elas gritavam de dor à medida que as esponjas eram passadas em seus corpos, e aquelas que não suportavam a dor ou que as feridas eram muito graves, tomavam analgésicos. O que mais me impressionava era que quase todos eles estavam ali, com problemas causados por seus próprios pais e que raramente os visitavam. O que tornavam os funcionários do hospital, a verdadeira família da maioria deles. Após tomar meu próprio banho, era levada a sala dos médicos e acadêmicos para novos estudos, novas injeções e novos diagnósticos. Pediram ajuda de um psicólogo e de uma fisioterapeuta. A tranqüilidade e dedicação desses dois profissionais foram fundamentais a minha recuperação. Conhecia a todos no hospital, pelo nome. Era conhecida dos funcionários da limpeza ao diretor do hospital. Passados quase um ano de minha internação e já recuperada tive alta hospitalar, mas não do tratamento. Ao qual teria que me submeter uma vez por mês. No dia que tive alta da internação, fiquei sentada no alto da escada esperando minha avó, para contar-lhe a novidade. Mas quem chegou foi minha mãe.
Tinha vindo do Rio de Janeiro assim que soube do meu problema, mas não pôde ficar por muito tempo, pois deixara minha irmã mais velha com conhecidos. Apesar da minha pouca idade na época, lembro-me como se fosse hoje, desde o dia do tombo, até quando arrastei minha mãe pela mão, levando-a a todos os cantos do hospital para apresentá-la. E olha que era muita gente. Se cada lágrima derramada pelos funcionários com a minha partida era de saudades. Então eu deixei muita."
Durante um tempo, fiquei com um vácuo na mente sobre o que acontecera na cirurgia. Mas depois vim, a saber, que não havia sido feita. Após a alta ainda tive que me submeter aos relatórios e consultas por uns dois anos, que foi quando minha mãe mandou buscar-me para morar com ela.
E é exatamente por causa desse período que posso afirmar com certeza, que a deficiência visual abre inúmeras condições de você avaliar as pessoas pelo que são e não pelo que vêem. Até mesmo o ato de tocar as pessoas, coisa que fiz com freqüência nesse período, não serve para avaliar a estética de quem tocamos e sim de dar forma ao que ouvimos.

domingo, 5 de outubro de 2008

O 1º Beijo.

"Era Ano Novo, que junto com o Natal, era a festa de que eu mais gostava. Estávamos na casa de um tio tão severo, que mal podíamos pensar sem sua permissão. Esse jeito dele, só nos dava mais vontade de aprontarmos. Eu, minha irmã Rosana e as três filhas dele éramos cúmplices de tudo que fazíamos. Naquela noite estava com uma roupa nova (como era de costume nessa época), uma calça de tergal marrom e uma blusa sanfonada estampada clarinha (hoje esse modelo pode soar de extremo mau gosto e cafona, mas na época era moda). Estávamos todos reunidos na casa de uma colega, ouvindo música e esperando a virada do ano. Cheguei à calçada e vi Jorge (nome original) conversando com outra colega nossa, lamentava o fato de ter furado o pé e que devido aos remédios não poderia beber, nos conhecíamos há muitos anos e ele tinha 05 poucos anos mais que eu, mas parecia um homem experiente. Brinquei ao ver que se esforçava para poder andar. Ainda assim conseguimos fazê-lo se divertir apesar das limitações. Lá pelas 22:30hs passava por ele correndo, quando pisei em seu pé. Olhei rapidamente e percebi que segurava as lágrimas, apertou a boca com força para sufocar o grito, ainda que a música alta não permitisse que ninguém ouvisse o que estava dizendo ou querendo dizer. Eu morrendo de pena e de vergonha diante do olhar furioso dele. Pedia-lhe desculpas sem parar, até que com um gesto brusco puxou-me pelo braço e me beijou. Enquanto sua língua percorria a minha boca sem parar, exigindo uma resposta, eu lutava contra a sensação de desmaio. Ao terminar saí correndo sem olhar para ninguém e só parei do outro lado ainda arfando. Em minha cabeça ficou a idéia de punição. E mesmo assim eu tinha gostado muito. Depois que me refiz, resolvi ir embora. Falei com minha irmã, que tentou me convencer a ficar, já que estavam todos se divertindo muito, e se uma fosse embora, todas teriam que ir. Continuei ali e tão logo o novo ano chegou e as confraternizações foram diminuindo, fui me acalmando. Estava". ainda ao lado de Rosana, quando Jorge apareceu e sem dizer nada pegou- me pela mão e me levou de volta ao salão, onde vários casais dançavam, uma música romântica. Me abraçou, mas não dançamos.
_ Te assustei?_ a voz era extremamente gentil, contrastando com os gestos e a reação que estava me causando.
Não respondi, fiquei mais tímida que o normal.
_ O próximo será melhor._ disse isso e foi aproximando os lábios, de um jeito que comecei a tremer, ele sentiu e falou: _, por favor, fique calma..
Não conseguia e nem queria me afastar, Não foi só o mais longo beijo, como o melhor que já dei em alguém. Não queria mais parar, não falei nada e fiquei ouvindo sua voz baixa e rouca.
_ Não pretendo me desculpar, faz um tempão que quero fazer isso, mas você me trata como irmão. Valéria esse seu jeito calado é muito sensual e isso ainda pode lhe trazer sérios problemas um dia. O fato de não ser intencional lhe torna ainda mais sedutora. Desculpe, mas não consegui resistir._ ele ia falando e beijando-me com uma suavidade inquietante.
A vontade era que o tempo parasse.
Em determinado momento fui chamada para ir embora, mas dessa vez quem não queria ir era eu. Em casa tive que agüentar as gozações de minha prima que tinha sido a única a perceber a minha excitação, chegando a dizer que eu tinha perdido o cabaço da língua (e olha que ela além de ser a intelectual da família, também não falava palavrões). Fui embora no dia seguinte sem vê-lo. Ás vezes que voltei não nos encontramos e perdemos o contato, cada um levando sua vida. Quando nos vimos anos depois no casamento de uma de minhas primas, nos falamos, mas nunca mais tocamos no assunto.
Aí aproveito essa oportunidade para dar um recado a ele.
"Jorge, apesar do tempo não conheci ninguém que tivesse sua sensibilidade para beijar, sobre tudo nos dias atuais em que beijo virou uma banalidade e quase secundário, me orgulha muito que meu primeiro beijo tenha sido com você, que soube transformar um momento corriqueiro em algo mágico. Faz isso com prazer e arte, fazendo que cada um pareça o primeiro e por isso preciso lhe dizer que seu beijo além de ser sem igual foi para mim também inesquecível".

Encontrei o Que Queria.

Encontrei o que queria
Eu queria ser da noite o sereno e

umedecer o vale seco e pequeno.
Eu,queria, no dia claro, luzir
para o amor todo o povo conduzir.
Eu queria que branco fosse a cor da terra e
nao vermelha para inspirar a guerra.
Eu queria que o fogo me cremasse
para ser as cinzas de quem hoje nasce.
Eu queria que os mais belos poemas fossem de Deus
para neles encontrar as virtudes dos irmaos meus.
Eu queria e muito queria saber ganhar
para que a simples alegria pudesse comigo guardar.
Eu queria, como queria, saber perder
para agora tanta saudades de ti, nao sentir doer.
Eu queria morrer agora, nesse instante, sozinho,
para novamente ser embriao, e nascer;-
EU SÓ QUERIA NASCER DE NOVO, PARA ME ENSINAR A VIVER!

(Sandra/Anderson herzer)
do livro "Queda para o alto"
Agora são Horas e Minutos - Seja Bem Vindo(a)
Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.
(Mário de Andrade)