sábado, 25 de outubro de 2008

A Importância do NÃO.

UM ALERTA PARA OS PAIS!!!
Criando um Monstro
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a
própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada?
Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação
social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental?
Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas
de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar
vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas
inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse Não, não
quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.
Seu desejo era mais importante.
Não quero ser comparado como um desses psicólogos de araque que infestam os programas
vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e
fala descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.
Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei
que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa
história toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um
rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir
lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais
dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a
filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com
vida. Faltou à polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a
garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da
imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e
chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.
Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi
punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores
morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer
não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas
têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às
sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue
dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez
alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando
escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da
namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é
normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns
tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em
brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.
Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não,
você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma
novela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto for
contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai
dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha
enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.
Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola
sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto
você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no
parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS
crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a
vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam
sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam
mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo
contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um
amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender
uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor
dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E
quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é
preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que
tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que
sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o
meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos
que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a
verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência
cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.
(Autor anônimo)

(Recebi esse texto por e-mail e embora o autor seja anônimo,as consequências da falta de um não,é conhecida por todos.Direta ou indiretamente).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Reflexões...


"O dia mais belo? Hoje.
A coisa mais fácil? Errar.
O maior obstáculo? O medo.
O maior erro? Abandonar.
A raiz de todos os males? O egoísmo.
A distração mais bela? O trabalho.
A pior derrota? O desânimo.
Os melhores professores? As crianças.
A primeira necessidade? Comunicar-se.
O que mais lhe faz feliz? Ser útil aos demais.
O maior mistério? A morte.
O pior defeito? O mau humor.
A pessoa mais preguiçosa? A mentirosa.
O pior sentimento? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O mais imprescindível? O lar.
A rota mais rápida? O caminho certo.
A sensação mais agradável? A paz interior.
A proteção efetiva? O sorriso.
O melhor remédio? O otimismo.
A maior satisfação? O dever cumprido.
A força mais potente do mundo? A fé.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
A mais bela de todas as coisas? O amor."
Madre Tereza de Calcutá.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Celular.

"Lembro em meados dos anos 90 quando este aparelho chegou por aqui. Por volta de 1997 era um símbolo de status possuir um e andar pela rua ostentando seu.E o Motorola Startac era o ápice.Naquela época isto ficava muito além de minhas possibilidades, mas ouso dizer que não compraria um mesmo se pudesse, pois se sou totalmente avesso ao telefone, falando somente o básico, carregar um celular não era uma idéia agradável.Além do que, não havia nada de adicional ou espetacular nos celulares da época. Era só pra substituir o fixo mesmo, sendo ideal para médicos, advogados, vendedores, etc., o que não era meu caso, portanto poderia muito bem viver sem um.E assim o fiz até 2006, quando em maio o estado de São Paulo passou a ser sacudido por uma onde de atentados causados por uma "ação entre amigos", trazendo o pânico durante dias seguidos à todos os cidadãos.A fim de poder tranqüilizar a família, resolvi que era chegada a hora de adquirir um celular. Para tanto comecei a pesquisar os modelos disponíveis e as características que queria. Não era nada de excepcional, somente tinha que ser na cor preta, pequeno, em formato concha, sem antena, com câmera e bluetooth (afinal não queria mais um cabo pra transferir dados para o computador).O bam-bam-bam da época era o V-3 da Motorola, que apesar de atender algumas das características que eu queria, era totalmente fora em outras, afinal, apesar de fino não era tão pequeno quanto gostaria, além do que já era, como se diz por aqui, carne de vaca pois todo mundo tinha.No final acabei optando pelo modelo Z530i da Sony Ericsson que atendia às minhas expectativas.De posse do brinquedinho novo, parti logo por cadastrar os amigos, colocar toques personalizados, colocar os papeis-de-parede, etc. Mas sabia que uma coisa não ia mudar, ele iria ficar mais guardado que em uso.Em 2007 fui apresentado a uma moça, trocamos fones e depois de um tempo comecei a receber mensagens SMS de bom dia. Estranhei, mas sempre respondi. Como sempre conversávamos via MSN, achei normal.Bem, não era. Tempos depois me confessou que estava apaixonada por mim. Passado a surpresa, continuamos a nos relacionar dessa forma, onde o SMS é o principal aliado, afinal é uma boa forma de superarmos nossas inibições.Atualmente, para minha surpresa, eu que normalmente dou o tradicional bom dia, o que é de estranhíssimo, pois não era afeito a estes refinamentos no dia-a-dia. Mas considero algo extremamente importante, afinal o dia já é suficientemente corrido.Aos homens casados, namorando ou com algum relacionamento em curso, aqui vai uma dica: perca uns dois minutos do dia para mandar uma mensagem SMS para sua esposa, namorada, parceira, etc, etc. E não precisa ser nada demais não, minha gente!! Um simples: gosto de você, amo você, bom dia, nos vemos à noite, fará maravilhas à sua vida à dois.Dizem que o ponto G das mulheres se localiza nos dois ouvidos, mas não é só isto. As mulheres são extremamente visuais também, principalmente para o que elas gostam e receber uma mensagem sua fará toda a diferença para o dia dela e seu, pois quando se encontrarem você já estará mais do que presente. Ou seja, em tempos de investimentos de alto risco que vivemos por aí, devido à queda das bolsas, gastar menos de R$ 1,00 num SMS para quem você gosta é um investimento com dividendos certos e sem nenhum risco. Tente! Só terão a ganhar!Hoje o meu celular é meu despertador, minha agenda, meu cupido e onde guardo alguns presentes que me são caros; apenas não uso para sua atividade fim, ou seja, como telefone propriamente dito, pois como suspeitava, não sou fã disto."

(Escrito e enviado por um amigo querido).

VISÃO!!!!

Quando tinha quatro anos, minha mãe veio para o Rio de Janeiro, deixando-me na Bahia com minha avó.Trouxe Rosana minha irmã mais velha para tentar resolver a vida e assim que tivesse condições de manter-se mandaria me buscar. Com o tempo passei a chamar minha avó de mãe.
Com quatro, já freqüentava a escola. E com minha prima fazia sempre o mesmo trajeto todos os dias. E foi em um desses retornos que sofri um acidente. Voltava da escola, quando minha prima e eu resolvemos passar na padaria. Na saída um rapaz que corria em sentido contrário derrubou-me, bati com a cabeça no meio fio e me machuquei toda. Cheguei em casa chorando e sangrando, minha avó sabendo que eu não era de chorar á toa, tratou de limpar-me para ver a gravidade da situação. Apesar de estar bem machucada, não havia nada que merecesse maior preocupação. Minha avó foi procurar o rapaz (em cidade pequena todos se conhecem) e ficou sabendo que na hora do acidente ele estava correndo atrás da irmã, para pegar uma manga. Acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça e acabei por levar uma surra da minha avó. Percebendo que não era manha, colocou compressas de saião e mastruço em minha testa. Mas estava tão quente que acabaram por me queimar. Dois dias ainda passei com a cabeça doendo e no terceiro amanheci sem enxergar. Minha avó que não sabia reagir de outra forma tornou a me bater, por não conseguir compreender o que estava acontecendo. Achava que tinha que me punir.
Nos dois primeiros dias, ainda conseguia divisar alguns vultos, mas logo estava totalmente cega. A íris de meus olhos havia subido, o que a princípio me possibilitava enxergar, quando levantava as pupilas, mas aos poucos perdi também essa possibilidade, e logo estava totalmente ás escuras.
Minha avó e minhas tias entraram em completo desespero e me levaram ao médico, que me transferiu para Salvador, pois a cidade interiorana em que vivia não havia recursos. Mas antes ainda tentaram alguns tratamentos com remédios fortes, mas que não surtiram efeito. Em Salvador precisei ficar internada, submetida a uma bateria de exames e indagações, que ninguém sabia explicar. O resultado disso foram quatro meses de internação. Certo dia ouvi uma enorme confusão de vozes exaltadas no corredor, saí do quarto para "ver" o que estava acontecendo. Depois fiquei sabendo pelas enfermeiras que haviam se divertido com a situação, que minha querida e esquentada avó, havia segurado o médico pelo colarinho e encurralado-o na parede, precisando ser contida por outros funcionários. Quando pude conversar com minha avó, perguntei-lhe o que estava acontecendo, e ela me disse que eu sairia de lá, porquê o médico havia dito, que eu não teria cura, pois minha cegueira era de nascença.
Fiquei algum tempo em casa, até que dias depois a esposa de meu padrinho que trabalhava no hospital de clínicas de Salvador conseguiu uma internação para mim. Diariamente era submetida a uma bateria de exames por uma junta médica e apesar do esforço da equipe, não conseguiam achar uma causa clínica para o meu caso. O neurologista achou que o melhor seria a cirurgia e começou a preparação assim que conseguiu a autorização de minha avó, que era (nos termos de hoje) minha representante legal. Apesar das constantes tentativas de minha tia de escrever a minha mãe contando o que estava acontecendo, minha avó não permitiu. Não queria preocupa – la.
Fui levada a uma sala, onde iniciaram o corte de meu cabelo. Foi à primeira vez que chorei, desde que tudo começara. Tinha um cabelo enorme e cada mecha que caia era um soluço que saia de minha garganta. E foi só quando iniciaram a raspagem que pude perceber que o que sentia era medo. Naquela noite não quis conversar com ninguém e nem jantar. Nem mesmo o clínico geral que era alguém de quem gostava e confiava, conseguira melhorar meu ânimo. No dia seguinte pela manhã fui levada a uma sala onde fazia um frio horrível, havia várias pessoas a minha volta. Fizeram alguns rabiscos em minha careca, que eu não sabia o que eram e nem conseguia vê-los através do espelho que havia sobre mim. Uma injeção e logo todas aquelas pessoas tornaram-se apenas vultos, até a escuridão total. Voltei à enfermaria e permaneci tanto tempo naquele hospital que passei a agir como se lá fosse minha casa. Minha avó como um cão fiel, me visitava todo dia, já que nessa época não era permitido acompanhantes para internos, ainda que esses fossem crianças. A minha rotina baseava-se em ficar com a esposa de meu tio no setor de radiologia onde ele trabalhava, até que uma enfermeira durona fosse me buscar, levando-me dois andares de escadas puxando minhas orelhas. No início reclamei com minha avó, mas ela havia dado permissão a tal mulher para que agisse com o rigor que achasse necessário. Eu levada que era não deixava de ir à sala de minha "tia". Porém nunca entendi o porque de ninguém nunca ter tomado qualquer atitude diante de tais cenas da enfermeira.
Após o almoço, ajudava as enfermeiras do plantão a dar banhos nas crianças do setor de queimados. E era uma cena grotesca. Elas gritavam de dor à medida que as esponjas eram passadas em seus corpos, e aquelas que não suportavam a dor ou que as feridas eram muito graves, tomavam analgésicos. O que mais me impressionava era que quase todos eles estavam ali, com problemas causados por seus próprios pais e que raramente os visitavam. O que tornavam os funcionários do hospital, a verdadeira família da maioria deles. Após tomar meu próprio banho, era levada a sala dos médicos e acadêmicos para novos estudos, novas injeções e novos diagnósticos. Pediram ajuda de um psicólogo e de uma fisioterapeuta. A tranqüilidade e dedicação desses dois profissionais foram fundamentais a minha recuperação. Conhecia a todos no hospital, pelo nome. Era conhecida dos funcionários da limpeza ao diretor do hospital. Passados quase um ano de minha internação e já recuperada tive alta hospitalar, mas não do tratamento. Ao qual teria que me submeter uma vez por mês. No dia que tive alta da internação, fiquei sentada no alto da escada esperando minha avó, para contar-lhe a novidade. Mas quem chegou foi minha mãe.
Tinha vindo do Rio de Janeiro assim que soube do meu problema, mas não pôde ficar por muito tempo, pois deixara minha irmã mais velha com conhecidos. Apesar da minha pouca idade na época, lembro-me como se fosse hoje, desde o dia do tombo, até quando arrastei minha mãe pela mão, levando-a a todos os cantos do hospital para apresentá-la. E olha que era muita gente. Se cada lágrima derramada pelos funcionários com a minha partida era de saudades. Então eu deixei muita."
Durante um tempo, fiquei com um vácuo na mente sobre o que acontecera na cirurgia. Mas depois vim, a saber, que não havia sido feita. Após a alta ainda tive que me submeter aos relatórios e consultas por uns dois anos, que foi quando minha mãe mandou buscar-me para morar com ela.
E é exatamente por causa desse período que posso afirmar com certeza, que a deficiência visual abre inúmeras condições de você avaliar as pessoas pelo que são e não pelo que vêem. Até mesmo o ato de tocar as pessoas, coisa que fiz com freqüência nesse período, não serve para avaliar a estética de quem tocamos e sim de dar forma ao que ouvimos.

domingo, 5 de outubro de 2008

O 1º Beijo.

"Era Ano Novo, que junto com o Natal, era a festa de que eu mais gostava. Estávamos na casa de um tio tão severo, que mal podíamos pensar sem sua permissão. Esse jeito dele, só nos dava mais vontade de aprontarmos. Eu, minha irmã Rosana e as três filhas dele éramos cúmplices de tudo que fazíamos. Naquela noite estava com uma roupa nova (como era de costume nessa época), uma calça de tergal marrom e uma blusa sanfonada estampada clarinha (hoje esse modelo pode soar de extremo mau gosto e cafona, mas na época era moda). Estávamos todos reunidos na casa de uma colega, ouvindo música e esperando a virada do ano. Cheguei à calçada e vi Jorge (nome original) conversando com outra colega nossa, lamentava o fato de ter furado o pé e que devido aos remédios não poderia beber, nos conhecíamos há muitos anos e ele tinha 05 poucos anos mais que eu, mas parecia um homem experiente. Brinquei ao ver que se esforçava para poder andar. Ainda assim conseguimos fazê-lo se divertir apesar das limitações. Lá pelas 22:30hs passava por ele correndo, quando pisei em seu pé. Olhei rapidamente e percebi que segurava as lágrimas, apertou a boca com força para sufocar o grito, ainda que a música alta não permitisse que ninguém ouvisse o que estava dizendo ou querendo dizer. Eu morrendo de pena e de vergonha diante do olhar furioso dele. Pedia-lhe desculpas sem parar, até que com um gesto brusco puxou-me pelo braço e me beijou. Enquanto sua língua percorria a minha boca sem parar, exigindo uma resposta, eu lutava contra a sensação de desmaio. Ao terminar saí correndo sem olhar para ninguém e só parei do outro lado ainda arfando. Em minha cabeça ficou a idéia de punição. E mesmo assim eu tinha gostado muito. Depois que me refiz, resolvi ir embora. Falei com minha irmã, que tentou me convencer a ficar, já que estavam todos se divertindo muito, e se uma fosse embora, todas teriam que ir. Continuei ali e tão logo o novo ano chegou e as confraternizações foram diminuindo, fui me acalmando. Estava". ainda ao lado de Rosana, quando Jorge apareceu e sem dizer nada pegou- me pela mão e me levou de volta ao salão, onde vários casais dançavam, uma música romântica. Me abraçou, mas não dançamos.
_ Te assustei?_ a voz era extremamente gentil, contrastando com os gestos e a reação que estava me causando.
Não respondi, fiquei mais tímida que o normal.
_ O próximo será melhor._ disse isso e foi aproximando os lábios, de um jeito que comecei a tremer, ele sentiu e falou: _, por favor, fique calma..
Não conseguia e nem queria me afastar, Não foi só o mais longo beijo, como o melhor que já dei em alguém. Não queria mais parar, não falei nada e fiquei ouvindo sua voz baixa e rouca.
_ Não pretendo me desculpar, faz um tempão que quero fazer isso, mas você me trata como irmão. Valéria esse seu jeito calado é muito sensual e isso ainda pode lhe trazer sérios problemas um dia. O fato de não ser intencional lhe torna ainda mais sedutora. Desculpe, mas não consegui resistir._ ele ia falando e beijando-me com uma suavidade inquietante.
A vontade era que o tempo parasse.
Em determinado momento fui chamada para ir embora, mas dessa vez quem não queria ir era eu. Em casa tive que agüentar as gozações de minha prima que tinha sido a única a perceber a minha excitação, chegando a dizer que eu tinha perdido o cabaço da língua (e olha que ela além de ser a intelectual da família, também não falava palavrões). Fui embora no dia seguinte sem vê-lo. Ás vezes que voltei não nos encontramos e perdemos o contato, cada um levando sua vida. Quando nos vimos anos depois no casamento de uma de minhas primas, nos falamos, mas nunca mais tocamos no assunto.
Aí aproveito essa oportunidade para dar um recado a ele.
"Jorge, apesar do tempo não conheci ninguém que tivesse sua sensibilidade para beijar, sobre tudo nos dias atuais em que beijo virou uma banalidade e quase secundário, me orgulha muito que meu primeiro beijo tenha sido com você, que soube transformar um momento corriqueiro em algo mágico. Faz isso com prazer e arte, fazendo que cada um pareça o primeiro e por isso preciso lhe dizer que seu beijo além de ser sem igual foi para mim também inesquecível".

Encontrei o Que Queria.

Encontrei o que queria
Eu queria ser da noite o sereno e

umedecer o vale seco e pequeno.
Eu,queria, no dia claro, luzir
para o amor todo o povo conduzir.
Eu queria que branco fosse a cor da terra e
nao vermelha para inspirar a guerra.
Eu queria que o fogo me cremasse
para ser as cinzas de quem hoje nasce.
Eu queria que os mais belos poemas fossem de Deus
para neles encontrar as virtudes dos irmaos meus.
Eu queria e muito queria saber ganhar
para que a simples alegria pudesse comigo guardar.
Eu queria, como queria, saber perder
para agora tanta saudades de ti, nao sentir doer.
Eu queria morrer agora, nesse instante, sozinho,
para novamente ser embriao, e nascer;-
EU SÓ QUERIA NASCER DE NOVO, PARA ME ENSINAR A VIVER!

(Sandra/Anderson herzer)
do livro "Queda para o alto"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MEDO.

Pelos becos das favelas onde domina o poder paralelo,
Vi diversas crianças junto ao esgoto,brincando ao céu aberto,
Até que uma voz em destaque começou a falar:
Mãos para o alto, eu vou atirar.

Chamou- me a atenção o poder de inibição,
De um garoto com uma arma na mão.
Que tristeza veio ao meu coração
Quando aquelas crianças levantaram suas mãos,
Perdendo seus únicos brinquedos para um pequeno ladrão.

Ao olhar em seus olhos, vi a maldade em seu coração,
Que fazer neste momento? Estava com tanto medo...
Coragem tomei e até a ele me dirigi,
As crianças perplexas, olhavam meu movimento,
Achando que eu seria a solução para aquele momento.

Estufei meu peito e a cabeça levantei,
E, com uma voz bem colocada, a ele falei:
Ei garoto o que pensa que está fazendo?!
Deixem essas crianças! Parem de chorar!

Meu medo foi tanto que quase não me controlei,
Quando para mim ele olhou, sua arma apontou,
E com o dedo no gatilho, disparou!
Minha mão foi ao rosto, tentando me proteger,
Não havia mais o que fazer...

Depois de alguns instantes, escutei gargalhadas,
Eram os garotos curtindo com a minha cara,
Sua arma era de brinquedo e com as outras crianças veio brincar.
Ufa! Apesar do suor que a situação provocou,
Perdôo aquele garoto que de susto quase me matou.

(Edson Marcio M. dos Santos)

domingo, 10 de agosto de 2008

MSN


Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.
Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram
a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor,
saudades, empolgação traduzidas através do nick.

O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME
quelhe foi dado no batismo.
Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar
clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e
Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro
Henrique' é o
MSN de Marcela Cordeiro. Mas a melhor parte da brincadeira é que
normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito e perfil da
pessoa.
Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para
analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...

'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar.
Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o
namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de
semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem
vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo
de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.
O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio',
já que
o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais
balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de
sua mira,
de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva
na ex.

'Polly em NY' acabou de entrar.
Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana.
Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda
'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem
feita
a Praia-Grande - SP ?
'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar.
Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e
interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas
paradas de sucesso.
Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa
Arreia' na
época do carnaval.

Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar.
Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque
tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.

' Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar.
Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma
pessoa dessas entrar, puxe
papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na
telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.

'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar.
Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora
disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é
tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua
amigas piriguetes(perigosas).

'Marizinha no banho' acabou de entrar.
Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca
seu nick para 'Marizinha bebendo
água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas
nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na
natação'.

' < . ººº< . ººº< / @ e $ $ ! - @ >ªªª .
>ªªª >' acabou de entrar.
Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado.
Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc
mtuXXX, ti mandá um bjuXX'. 'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar.
Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá
dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar
outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.

'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ
DO
EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de
entrar.
Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a
janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço
publicitário.

'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro
seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de
música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo
sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá
arrumar alguém pra fazer o servicinho.

'Danny Bananinha' acabou de entrar.
Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos
insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se
comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no
espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não
chegará nem a figurante do Linha Direta.

Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer
coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal
para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do
nome!! Vamos facilitar!!!!


Arnaldo Jabor

(Recebi esse texto de um amigo)

Fora da Ordem.

Cada dia que passa, fico mais apreensiva com coisas que acontecem bem debaixo de nossos olhos e que mesmo não concordando, raramente fazemos algo para modificar e impedir que tornem a acontecer.
Que a saúde está caótica em vários estados do pais todo mundo sabe, mas a aliança de gestões incompetentes, profissionais de caráter duvidoso e pessoas com nenhuma instrução e conhecimento sobre determinados assuntos, fazem com que a situação tome proporções penosas.
Dia desses conversava com minha mãe, que precisara de atendimento médico. Passou quase todo o dia para ser atendida. Mas chegou em casa aliviada, por ter percebido que seus problemas não eram maiores do que o de muita gente. Ficou me contando todas as coisas que ouvira lá. E disse ter se divertido muito com uma nordestina que falava alto e ria de tudo como se o mundo fosse azul.
Em meio à conversa animada de minha mãe, uma coisa me deixou chocada.
Disse-me que a mulher que divertira todos os presentes com histórias engraçadas e "verídicas", havia contado em alto e bom som, para quem quisesse ouvir que sua filha aos 15 anos engravidara de seu segundo filho. Imaginando que se não desse um basta, logo estaria com a casa cheia de netos, conseguiu com uma "amiga" o endereço de um médico que por 500,00 tirou trompas e todos os órgãos reprodutores da menina.
Minha mãe falou que ela contava isso com graça e achando que não havia nada mais correto a ser feito.
Fiquei calada ouvindo e embora não conhecesse nenhum dos envolvidos, a situação me deixou triste.
Triste pela menina, que apesar de toda informação não tomou conta de si mesmo, e agora tinha seu futuro totalmente comprometido. Triste pela avó, que acreditava ter feito o melhor para sua filha e triste pela falta de sensibilidade de um profissional que por tão pouco pra ele, mas com certeza muito para a família que pagou incapacitou uma criança provavelmente para toda a vida.
Curiosamente outras pessoas que ouviram tal coisa, não viram problema algum no ocorrido.
E eu fiquei pensando que talvez fosse eu que estava emotiva demais ao ficar escandalizada com o fato. Mas tinha a sensação de que alguma coisa estava muita fora da ordem naquele episódio.

O Homem do Penhasco

Contam que Deus, um dia, marcou um encontro com um homem muito religioso no alto de uma montanha sagrada. O homem se preparou para o encontro com muito recolhimento, oração,jejum e, no dia determinado,subiu a colina cheio de fervor.
O caminho era íngreme e a subida estava levando muito tempo, e o homem começou a ter medo de perder a hora marcada. Rogou a Deus que lhe desse forças para não chegar atrasado. Foi quando viu um homem caído na beira do penhasco, machucado e pensou: " Estou atrasado, depois eu volto para socorrê-lo".
Ao chegar no topo da montanha, esperou, esperou, e Deus nada de aparecer. "Que pena! Pensou ele desolado, por que não subi mais depressa?"
Desceu desanimado.
Ao passar pelo penhasco, não viu mais o homem caído, mas havia um bilhete junto à rocha que dizia:
"Quem sabe, outro dia, quando estiver menos apressado, você consiga me reconhecer?"


(Retirado do livro Sementes do Bem)

Aprendendo a Jogar.

Quando tinha uns catorze anos, minha irmã, eu e alguns colegas fomos convidados a participar de uma excursão a São Pedro D'Aldeia. A responsável pela excursão era uma vizinha nossa que sabia que não tínhamos como pagar, mas queria preencher os lugares que não conseguira vender. A princípio não queria ir, mas fui convencida por minha irmã, já que ficaria quase sem chances de ir, caso eu também não fosse. O ônibus fez uma parada em Niterói para pegar alguns rapazes que trabalhavam com o marido de nossa vizinha responsável pelo passeio. Um deles sentou-se ao meu lado e fomos conversando até lá. O dia foi alegre e sem transtornos. Mas não conversei mais com meu colega de viagem.
Em casa, o comentário era que o rapaz havia se interessado por minha irmã. Uma semana depois minha vizinha chamou-me para dizer que ele estava em sua casa me esperando. Expliquei-lhe que não era eu quem ele procurava. Saí com uma colega e demoramos um pouco. Ao retornarmos o rapaz estava parado exatamente no portão onde teria que passar para entrar em casa.
_ Até que enfim apareceu a Margarida. _ ele falou quando me viu.
_ Boa tarde. A Margarida havia sumido?_ perguntei sem entender nada.
Minha colega entrou e fiquei ali conversando com ele. Logo soube o motivo de estar a minha procura.
Chamava-se Gabriel (nome original), morava em Santa Teresa, tinha quase o dobro de minha idade e trabalhava no banco Sul Brasileiro(hoje já extinto). Disse que estava interessado em mim. Fui sincera e direta. Não queria namorado. E falei que achava estranho alguém querer namorar uma pessoa com quem mal tinha falado.
Ele ficou meio constrangido, mas explicou-me o motivo do suposto interesse. Minha vizinha havia dito a eles que eu nunca havia namorado, então fizeram uma aposta de que ele seria o primeiro a me conquistar. Se eu mantivesse minha negativa, perderia a aposta (que eu nem quis saber qual era). A princípio fiquei furiosa com a situação. Mas acabei achando engraçado tamanha infantilidade.
_ Depois dizem que eu sou criança. _ falei deixando-o encabulado.
Gabriel tinha olhos verdes e usava óculos de lentes grossas. Disse que o meu vizinho seria o encarregado de divulgar o sucesso ou fracasso do desafio.
Minha opinião não mudou sobre namoro. Ao contrário de Robson, Gabriel não me atraia em nada. Mas concordei que ele dissesse aos colegas que havia conseguido. E aproveitando um colega comum que passava por nós, aproveitou para beijar-me. Beijo, que não me transmitiu nada.
Foi embora me agradecendo por ter ganhado a aposta, já que o colega que vira o beijo encarregara-se de dizer ao meu vizinho o que havia visto.
Mas para meu total espanto, no final de semana seguinte Gabriel voltou dizendo que viera me agradecer uma vez mais. Conversamos por um tempo, mas logo ficamos sem assunto. Gabriel, não queria ir embora e pediu-me lápis e papel. Não entendi, mas atendi o pedido. Algum tempo depois nos divertíamos a valer brincando de jogo da velha e forca. Durante algum tempo repetimos aquele ritual maluco, mas gostoso. Mas começou a ficar difícil convencer as pessoas de que não havia nada entre nós. Perguntavam-se o que um homem ganhava em sair de tão longe todo fim de semana para fazer companhia a uma menina? Não fazia sentindo também tentar explicar-lhes que gostávamos de brincar. Embora fosse a mais pura verdade. Então resolvemos parar de nos ver.
Não coloquei mais os olhos naquela pessoa, mas ainda lembrava com carinho aqueles momentos.
Por isso deixo um recado a ele.

"Gabriel, não é raro pensar que a vida seria bem mais alegre e ganharia maior sentido, se como você as pessoas apreciassem as maneiras simples e infantis de passar o tempo. Assim como eu, elas se surpreenderiam ao descobrir que brincar é muito bom, não dói e é barato. Torço para que você não tenha se deixado levar pelos problemas e esquecido seu lado moleque e infantil que tão bem me fizeram. Me ensinando a encarar a vida com a leveza necessária para encarar os desafios. Espero que esteja bem. Beijos".

sábado, 2 de agosto de 2008

Simplesmente singular.

Era muito estranho ver que aos poucos aquele rosto se tornava presente em tudo o que se fazia no grupo. Não que tivesse nada contra ele, mas não parecia o tipo que se misturasse em grupinhos escolares. Tinha algo de imponente e intrigante na forma de olhar as pessoas. Em resumo era mesmo um metido a besta.
É bem verdade que sua presença animava bastante e em pouco tempo já era querido por todos. Mas a impressão sobre ele não mudou. Era quase insuportável.
Como tinha nome composto, em cada local era chamado de uma forma, a família, eu e os amigos de trabalho. Optou por seguir carreira militar.
Querem saber se isso mudou a postura daquele quase menino? Claro que sim. A rigidez da profissão transformou –o em uma pessoa fria e distante.
Ele é o homem dos contrastes. Ouvia Fátima Guedes, mas adorava um samba. Gritava ao invés de falar. Gargalhava mesmo quando a idéia era simplesmente sorrir. Encarava o sexo como uma atividade física indispensável e imprescindível ao ser humano. Todo dia e toda hora, em todo e qualquer lugar.
Dizia aos quatro vento que não gostava de mulher preta.
Mas casou-se com uma.
Passava a impressão de não gostar de crianças, isso sempre foi um mistério que jamais desvendei. Porque as crianças sempre estavam por perto e felizes ao lado dele.
Mesmo no auge de sua fase adulta, tinha momentos que mais se parecia um menino levado. Gostava de sentar no banheiro enquanto a mulher tomava banho. E olha que os banhos dela eram demorados. Mas ele nunca reclamava. Sempre ficava ali, falando de seu dia de trabalho ou de algo que o alegrara ou desagradara como se aquele fosse o melhor lugar do mundo para conversar. Putz...e como falava a criatura! Era bom porque contrastava com o jeito calado da mulher preta que escolhera para casar.
Sempre escolhia o que queria comer. E comia bem. Nunca perdia o sono ou a fome, por mais difícil que a situação se apresentasse.
Beber???? Como bebia.
Não era muito ligado na família, embora todos lhe devotassem um amor desmedido. É obvio que isso causava um certo desconforto, pois a família acreditava que a mulher era a responsável por seu desinteresse.
Tinha um comportamento interiorizado. Poucas pessoas conseguiam arrancar-lhe o que sentia, queria ou pensava. Era o que os matemáticos denominavam uma incógnita.
Às vezes parecia hipócrita, porque condenava nas pessoas, aquilo que fazia sem culpa. Comentários muitas vezes preconceituosos faziam com que a idéia de ser ele um hipócrita inconsciente se acentuasse.
A mulher que escolhera para casar era muito diferente dele. Conhecido como um homem ríspido, ninguém jamais presenciou qualquer grosseria dele para com ela. Talvez fosse aquela mulher preta, calada e observadora a única pessoa que não tinha medo de dizer-lhe na cara o que pensava sobre ele. Não. Ela não tinha medo, porque mesmo não gostando sempre ouvia o que ela dizia. E a chamava de abusada e folgada. Tinham brigas homéricas, mas no mesmo nível. Ali, entre os dois, não havia o mais forte, homem ou mulher ou o mais inteligente. Não havia xingamentos, (quando discutiam) nem mesmo o menor deles, embora ele dificilmente se expressasse sem palavras feias. Mas compreendera que entre ele e a mulher que escolhera para casar a coisa precisava ser civilizada para funcionar.
A mãe maravilhosa que ele tinha servia para unir um pouco o casal, pois a mulher dele amava de paixão aquela mulher de fala mansa, sofredora, hiper dominadora, mas determinada e sensata.
Quem foi que disse que noras não amam suas sogras. A mulher dele amava sim e dizia isso a quem quisesse.
Talvez o fato de ter sido ele uma criança temporã, tenha sido criado sem limites e com um amor excessivo, embora só ele não se desse conta disso.
Chamava a mulher carinhosamente de Paixão e era chamado por ela de Vida .
Tinha momentos de extrema ternura e carinho quando mesmo brigado ou muito cansado pedia à mulher que deixasse ele ficar deitado em seu peito ou dormisse de conchinha. Sem qualquer intimidade com a cozinha fritava batatas e locava filmes para ficarem abraçados por horas a fio e sem falar. Era um homem que ao ver a mulher reclamar dos cabelos embaraçados, pacientemente desembaraçava-os. Jamais, nunca em tempo algum andava na rua sem segurar-lhe a mão.
Mas duas coisas tiravam aquele homem do sério naquela relação. Uma delas era a saúde frágil da mulher. Era algo que ele não sabia, e não queria aprender a lhe dar. A outra era o fato dela não ter pelo sexo a mesma proporção de interesse que ele. A soma dessas duas diferenças desencadeou uma separação. Primeira e última.
Separou -se o casal, mas a relação entre ambos melhorou muito. Falavam -se, conversavam, tentavam ajudar e entender um ao outro. Não havia tempo e nem espaço nessa relação para questionamentos do passado ou intrometer-se no presente.
Anos depois quando se viam, como em um acordo não verbalizado só falavam sobre as coisas boas que viveram ou fizeram.
Ele? Continua o mesmo. Divertido, desbocado, irritante, paquerador incorrigível e uma figura sem igual. O tempo só me confirmou o que disse-lhe uma vez: É uma figura totalmente singular.

domingo, 20 de julho de 2008

Teste.

Descubra a verdadeira idade do seu corpo. É bem rápido.

http://www.enviealegria.com.br/mensagens/verdadeira_idade.htm



DE VOLTA Á VIDA



Existem coisas, que mesmo depois de muito tempo passado, nos causa estranheza, desconfiança e até mesmo descrença. E é um desses fatos que aconteceu há alguns anos, mas que até hoje me estremece quando penso, que revelarei agora.
Estava com 27 anos de idade e grávida de meu primeiro filho. Após uma série de exames aos cinco meses de gestação foi descoberto um câncer de colo de útero. Se é verdade que uma notícia dessas acaba com o emocional de uma pessoa, também é verdade que as dúvidas surgem como moscas em abelhas no mel. Não me desesperei, também não chorei, era como se anestesiada estivesse. O médico dizia:
__ Vimos todos es seus exames, revimos suas respostas ao questionário e o que podemos dizer é que a senhora não se encaixa, no que costumamos chamar de propensa a uma doença como essa.

__ E quais são as propensões? __ perguntei baixinho.
__ Não existem regras, mas normalmente podemos verificar mais facilmente em mulheres com mais de 35 anos, que tenham mais de 02 filhos, que trocam de parceiros com freqüência, quem já tem casos na família, as que por algum motivo ficam tempo demais sem o exame preventivo e também em mulheres que começam a vida sexual cedo demais.
__ Bem Dr. Levando em consideração que não estou nessas estatísticas, onde me encaixo?
__ Primeiro precisamos da confirmação do diagnóstico com sua médica, mas o que podemos lhe adiantar é que provavelmente de acordo com suas respostas, sua má alimentação, uma cauterização mal feita ou feita tarde demais, e uma célula defeituosa, foi a possível causa do que está lhe acontecendo. O que pode ter ficado escondido devido seu útero ser invertido.
__ Entendi. __ falei quase automaticamente.
O laudo da biópsia deu positivo. Um carcinoma in cita sem o descarte de invasão. Como minha gravidez já estava avançada e era de risco, optaram por me operar após o parto.
Em 22 de Janeiro de 1997, ia para o hospital com minhas duas irmãs. Enquanto as duas dormiam no longo percurso, eu ia pensando em minhas duas únicas preocupações meu filho e a possibilidade de não retornar com vida. Garantiram-me que seria uma cirurgia rápida, mas toda ela tinha seu risco, por mais simples que fosse. E era nisso que pensava.
Na enfermaria em que fiquei, fui tratada como uma princesa, tanto pelos funcionários como pelas internas que lá já estavam. E comecei a acreditar que o mundo conspirava a meu favor. Uma paciente agonizava no quarto. As pessoas se impressionavam com minha pouca idade e aparente tranqüilidade.
À noite, comecei a sentir-me mal, tonturas e enjôos. Logo perceberam que se tratava de uma crise nervosa, e a enfermeira deu-me dois comprimidos. Acordei pela manhã, com um homem negro e forte chamando-me.
__ Está na hora da cirurgia.
__ Mas, ainda não tomei banho. __ disse visivelmente amedrontada e querendo ganhar tempo.
__ Não se preocupe, lhe aguardam assim mesmo. __ foi a resposta seca do homem.
Ajudou-me a deitar na maca e foi me levando até o centro cirúrgico. Ao passar pelos corredores imensos, elevadores e pessoas, tentava guardar todas as imagens que conseguia registrar, não sei bem porque, mas embora estivesse calma algo me deixava com a estranha sensação de que não sairia viva da sala de cirurgia.
Enquanto aguardava a Drª. Não entendia porque mas aparecia pessoas que não conhecia a toda hora para me falar alguma palavra de conforto ou simplesmente dar- me um aperto de mão. E isso aumentou meu estado de alerta, embora por alguma razão estivesse gostando de toda aquela atenção. Não era o retrato que tinha de um hospital público. Como a cirurgia foi muito cedo, não tive como ver nenhum parente meu, principalmente os mais importantes: Meu filho de apenas um ano e minha mãe, que tinha certeza estava sofrendo mais do que eu naquele momento.
Apenas o homem negro que me conduzira até ali, mantinha se sério, mas não saia do meu lado.
A drª chegou e o procedimento iniciado.
Se há uma coisa que ainda não consegui entender muito bem, é porque os médicos falam tanto durante um procedimento cirúrgico, se muitas vezes em uma consulta eles mal olham para seu rosto.
E durante a cirurgia, percebi que algo estava dando errado, acontecia o mesmo que na época de minha cesariana.
A drª dizia em meio a palavrões que não podia perder a mulher por uma coisa tão mínima, a voz dela deixava transparecer uma certa tensão. Eu não me apavorei, sabia exatamente o que me esperava e curiosamente não sentia medo. Olhei em volta e não vi o homem que tinha estado comigo desde de manhã. Fechei os olhos e ouvi a médica dizer ao anestesista:
_ Doutor coloque a mulher pra dormir.
_ Mas a pressão dela está muito baixa, como quer que eu faça isso? _ disse o homem irritado.
Calmamente ela respondeu:
_ Isso não é comigo.
Acordei tremendo de frio e sentindo algo pegajoso. Com dificuldade olhei em volta e lá estava o homem que veio logo ao meu encontro. Sem dizer nada levantou as cobertas, e com uma expressão preocupada correu a chamar o médico. Estava tendo uma forte hemorragia. O médico não foi nada delicado, disse que precisava me retamponar, para cessar o sangramento. A dor era insuportável, mas o médico nervoso gritava que eu precisava ajudá-lo e que não era hora para corpo mole. Assim que acabaram, passei mais algum tempo ali e fui levada para a enfermaria, onde fui recebida com alívio pelas colegas de quarto. Uma cirurgia que levaria no máximo uma hora, me deixara quase todo o dia na rpa (recuperação pós-cirúrgica). Estava há umas duas horas deitada, quando o sangramento voltou e sem precisar dizer nada olhei para o homem que estava á porta como se soubesse que precisaria dele novamente. Por sorte minha o plantão havia mudado e uma outra médica veio em meu auxílio. Essa foi um amor, e consegui suportar a dor que parecia me rasgar por dentro. Mas logo perdi os sentidos, ouvia todos gritando a minha volta. Mas não conseguia reagir.
Via-me em um lugar tranqüilo, onde só aquele homem me acompanhava, e me dizia.
__ Volta, você precisa voltar. Ainda não é sua hora.
__ Não consigo. Ajuda-me. Não quero morrer.
__ Então volta logo, sua pressão está caindo demais. Pense em algo que te emocionou muito ultimamente.
__ O nascimento de meu filho.
__ Não. Há alguns dias atrás, algo te levou a repensar a vida. Lembra? precisa lembrar.
Após um tempo pensando, falei:
__ O Adónis?
O sorriso dele me confirmou que estava certa.
E como se tivesse em um sonho, voltei aquele dia.
Conheci o Adónis, em um dia incomum, era aniversário de minha irmã e estava dando uma volta com meu filho na beira da praia, quando avistei o homem mais lindo que meus olhos já vira. Fiquei tanto tempo paralisada com a beleza do homem, que ele se aproximou e perguntou-me grosseiro:
__ Nunca viu um homem?
__ Nunca tão bonito. __ respondi sincera e sem graça.
__ É muito importante a beleza física para você?
__ Sinceramente não. __ Era verdade, nunca me importara com isso.
Ele vestia uma roupa grossa que cobria todo o corpo e num gesto furioso, tirou a roupa, revelando um corpo completamente queimado. Era algo feio e dolorido de ver. Mas não desviei o olhar. Nos apresentamos e pouco depois ele me contava sua história.
__ É sem dúvida uma história triste.
__ Obrigado, por ter me ouvido.
__ Fiz com prazer.
__ Nem todos têm a sua sensibilidade, alguma vez já teve a sensação de que o mundo conspira contra você, e ninguém percebe? Que está em meio a um pesadelo, mas ninguém lhe acorda? Que está morrendo aos poucos, mas ninguém te salva?
Lembrei dessas palavras e comecei a chorar.
__ Acorda pequena, precisa ser agora __ Era a voz do meu protetor.
Abri os olhos molhados e ao meu redor havia muitos médicos e enfermeiros. Percebi que a enfermaria estava em um silêncio total e sofri por aqueles pacientes que passaram por aquela experiência de ter alguém perdendo a vida tão perto deles. Médicos e enfermeiros saíram deixando-me no soro e sonda. Ao olhar para a porta, lá estava ele. Meu protetor negro, alto, forte e agora meu amigo e cúmplice que piscava para mim e sorria pela primeira vez, desde que o vira.
__ Seja bem vinda à vida, pequena.
__ Devo ela a você. __ respondi sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Gostei de ser chamada assim por ele, ao invés de baixinha como todos faziam.
Toda mulher que realizava tal cirurgia recebia alta no mesmo dia. No dia seguinte a visita médica foi feita justamente pela médica que fizera todo o meu tratamento desde meu diagnóstico e recomendara a cirurgia.
_ Já soube que causou um grande susto por aqui não é?_ perguntou-me sorrindo, coisa rara, de ver naquele rosto.
_ Saio hoje daqui? _ era minha curiosidade.
Ela balançou a cabeça em sinal negativo e disse: _ ainda não.
Saí três dias depois. Ainda assim porque precisava evitar uma possível infecção hospitalar, mas durante o tempo que permaneci ali, não vi mais meu Anjo protetor e ao perguntar por ele, fui informada que havia sido transferido.
Voltei para casa com a sensação de que nascera de novo. Não sei bem porque, mas nunca contei esse episódio a ninguém. E também não sei porque faço agora, talvez com a esperança de conseguir agradecer aquele homem por ter conseguido fazer com que eu entendesse, que não importa o tamanho da dor, o caminho na maioria das vezes é a luta.
Deixo aqui meu abraço, a quem não conheço, mas fez parte da minha vida.









sábado, 19 de julho de 2008

21 de Julho. Dia do Amigo!!!


Gratidão de Amigo.


"Pela amizade que você me devota,

Por meus defeitos que você nem nota...

Por meus valores que você aumenta,

Por minha fé que você alimenta...

Por esta paz que nós nos transmitimos,

Por este pão de amor que repartimos...

Pelo silêncio que diz quase tudo,

Por este olhar que me reprova mudo...

Pela pureza dos seus sentimentos,

Pela presença em todos os momentos...

Por ser presente, mesmo quando ausente,

Por ser feliz quando me vê contente...

Por este olhar que me diz:"Amigo, vá em frente!"

Por ficar triste, quando estou tristonho,

Por rir comigo quando estou risonho...

Por repreender-me quando estou errado,

Por meu segredo sempre bem guardado...

Por seu segredo, que só eu conheço e por achar que só eu mereço...

Por me apontar pra Deus a todo o instante,

Por esse amor fraterno tão constante...

Por tudo isso e muito mais eu digo:"Deus te abençoe, meu querido amigo!"


(Desconheço o autor,mas AMIGO é AMIGO e .)

domingo, 13 de julho de 2008

Temporada das Ites.


Entrei em um ônibus e reparei que todas as janelas estavam fechadas,devido o frio que fazia.Sentei e puxei um pouquinho a janela ao meu lado,agradecendo por não ter ninguém no banco vizinho.
Algum tempo depois subiu uma moça e sentou logo atrás de mim.Não demorou e meus olhos começaram a lacrimejar,os espirros eram sucessivos e o bichinho do han han,atacou.
Era o cheiro forte da naftalina no casaco da moça. Outros passageiros reagiram tossindo e logo havia uma sinfonia de tosse e espirros.
Abri um pouco mais a janela e respirei o ar poluído,mas sem cheiro.Só não estava mais envergonhada com minha crise alérgica,porque outras pessoas também passavam pela mesma situação.
Desci aliviada por me livrar do cheiro forte e da crise de espirros.
Infelizmente o número de alérgicos é muito maior do que supomos e nessa época de baixa umidade do ar, as sinusites,rinites,bronquites,e outras ites tendem a aparecer mais.
Como alérgica que sou,informo que colocar agasalhos no sol,ameniza o cheiro de guardado. Deixar a casa aberta para arejar e varrê-la com pano úmido também ajuda. Isso porém são apenas dicas,cada um deve saber o que fazer em seus momentos de crise.
Segue um link com dicas que não são novas,mas ajudam muito.

Carta a um Amigo.





"Ainda que eu falasse a língua dos homens, que eu falasse a língua dos Anjos, eu nada seria".
Sempre que ouço isso, me dou conta de que nada somos e que nada seríamos mesmo que essa consciência se fizesse presente em nossas mentes e corações.
É esse o sentimento que tenho, no momento que penso em ti ,meu querido amigo.
Faz tempo que penso em lhe escrever, mas sempre esbarrava no depois, qualquer dia, outra hora. Mas hoje ao observar um arco-íris, decidi não mais adiar. Olhava esse arco-íris no portão de casa e foi quando vi alguém se aproximando com uma enorme bolsa, mais pesada que seu próprio corpo. Sorri lembrando de você, que de tão franzino parecia que iria quebrar com as bolsas que costumava carregar.Mas essa fragilidade aparente só servia para esconder a força e o temperamento radical.Com sorriso fácil, apesar de debochado, seu jeito alegre e descontraído contagiava a todos.
Sua lealdade e fidelidade aos amigos só não eram mais bonitas porque sabia ser implacável e extremamente rude com aqueles que por ventura cismasse. Não era raro vê-lo descobrindo inimigos, onde não existia.
Sempre que chega o carnaval, Natal, Reveillon, de quem eu lembro? De ti.
Não esqueço de que sempre que saíamos juntos, andávamos de mãos dadas, ato esse que não tenho sequer com meus irmãos.
Homossexual assumido apenas para os muito íntimos, era divertido vê-lo paquerando, discretamente, muito embora geralmente seu comportamento nesse sentido fosse irrepreensível. Também, vivendo em uma sociedade hipócrita, medíocre e especialmente preconceituosa, não tinha como ser diferente. Sei que não foi feliz no amor, sofreu, chorou, lutou com as armas que dispunha, mas não conseguiu. Nada que não se possa entender, pois amor é mesmo algo muito complicado.Mesmo para os denominados "normais".Ainda assim seguiu a vida, fingindo que o que tinha lhe bastava.
Sempre cercado de gente, querido pelos colegas de trabalho, dedicado a religião e principalmente aos familiares e amigos, para quem não media esforços para ajudar e estar ao lado em qualquer momento parecia o modelo do homem feliz.
Mas o tempo foi mostrando uma outra pessoa, triste, arredio, revoltado e solitário. Extremamente solitário.
O sorriso debochado ficou sarcástico, o olhar alegre ficou distante, o prazer em conviver com as pessoas transformou-se em sacrifício, o corpo sempre magro, mas cheio de disposição, encheu-se de feridas e o sentimento ao próximo virou revolta e desprezo. O por quê de tudo isso?
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA, a tão temida AIDS.
O nome difícil não é a única coisa que assusta, mas também a dificuldade que a ciência e a medicina encontram para descobrir o que realmente pode aplacar o sofrimento dos que precisam conviver com ela.
Quando chegou? Não sei. Mas ainda assim você conseguiu conduzir seu caminho de forma corajosa e única, embora alguns tivessem denominado de egoísmo ou covardia.
A única coisa que posso garantir, é que não fiz parte dos que o criticaram por ter mantido algo tão sério em segredo. Sei o quanto seria difícil ver pessoas que sempre o admiraram olhando-o com medo ou quem sabe com desprezo. Penso que se fosse comigo teria adotado o mesmo comportamento, talvez fugir não fosse o melhor a fazer, mas quem sabe o que é melhor em uma hora dessas? poucas pessoas o entenderiam, sem deixar o preconceito se fazer presente.
Mas eu amigo estava sim, em meio aqueles que se culparam pela omissão e pela impotência. Omissão, por que não tinha como fingir não ver o que estava lhe acontecendo e impotência, porque enquanto você não se dispusesse a pedir ajudo eu não sabia o que fazer, sem invadir sua privacidade. Achou que ficando sozinho seria melhor, não precisaria fingir suas dores e dissabores.
É lógico que hoje só me resta pedir desculpas por ter compreendido tarde demais seu pedido silencioso de socorro. Sei exatamente o que é não saber expressar um pedido de ajuda. E é por isso que lhe escrevo hoje, para dizer-lhe que lembro nitidamente de seu abraço apertado e o choro convulsivo em meus braços em um sábado ensolarado, apesar do inverno de Agosto e da borboleta que entrou onze dias depois em minha sala e pairou no ar, diante de mim, batendo asas em um gesto de adeus.
Sei que sofreu para aceitar e que ainda hoje não encontrou a necessitada, embora não saiba se merecida paz.. Dia 8 de agosto de 2003 faz cinco anos que nos deixou, não lhe disse adeus na época e hoje não sinto mais saudades, pois sei que como diz uma linda canção que você gostava muito.
"Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar".

domingo, 6 de julho de 2008

Roupa suja,se lava...Na festa!

Mês passado, fui convidada para uma festa. Gosto de ficar em casa e não sou menos feliz por isso. É uma opção. A maioria das pessoas não entende, mas já passei da fase de explicar que me sinto bem assim. Aquela festa, no entanto não podia evitar. Tinha muito tempo que adiava uma visita a um casal de amigos. Fariam uma comemoração pelo aniversário de casamento. Particularmente, haviam me confidenciado juntos que não sabiam o que iriam comemorar, o casamento estava desgastado, apesar do pouco tempo de convivência. Mas resolveram assim mesmo. Em três anos sempre que os encontrava tinham queixas um do outro e mostravam claramente a insatisfação na relação. Mas enfim...
Era um almoço e o dia estava lindo. As pessoas conversavam e se divertiam com o clima descontraído, o casal era jovem e a grande maioria dos convidados tinha a mesma faixa etária deles.
Não sei bem como e nem quando tudo começou, mas percebi uma pequena confusão perto dos dois e logo ouvi os gritos. Ela gritava que estava de saco cheio de ser ridicularizada por ele. Ele ria alto, debochando do descontrole dela. Dizia que cansara de comer a gororoba que ela cozinhava, que chegava em casa e a encontrava despenteada e que sua mãe era intratável. Nesse momento, alguém riu provocando ainda mais a disputa entre os dois.
Ela como se estivesse bêbada, rodava em círculos dizendo que ele tinha mau hálito, falava de boca cheia, cuspindo quem estava próximo. Tinha a péssima mania de se achar engraçado e criar saia justa nos lugares onde estava. Ele, na opinião dela, precisava de educação.
Após alguns minutos daquela infantilidade, as reações eram diversas: uns riam, outros criticavam, a sogra insultada, chorava pelos cantos.
Achei que era hora de me retirar. No caminho para casa, o irmão dela que viera comigo ria de soluçar com a cena. E eu ria, da risada dele..
Quinze dias depois do ocorrido, recebi um e-mail dos dois, haviam viajado e estavam em segunda lua de mel, felizes como nunca.
Não pude deixar de achar graça da forma que encontraram para melhorar a relação. Fiquei sabendo que algumas pessoas se surpreenderam com o final daquele caso.
Mas o irmão dela me ligou e rindo como sempre, creditou o barraco a minha presença tão rara.
Eu desejava que fossem realmente felizes afinal cada um sabe de si, de seus relacionamentos e sentimentos.


Mas que a situação tinha sido constrangedora e desconcertante,isso tinha.






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terça-feira, 1 de julho de 2008

Que Dia!!!!

O despertador tocou, tirando Ju de um lindo sonho. Primeiro dia de férias e já cheia de coisas para resolver antes de sua esperada viagem. Encaminhou-se ao banheiro e logo percebeu que o chuveiro havia queimado, como o frio era intenso, o banho foi rápido, quase relâmpago. O café saíra forte demais, mas se obrigou a beber mesmo assim.
Ao sair de casa percebeu que uma fina chuva caia._ esse dia ta prometendo _ pensou.
O ônibus chegou lotado ao ponto e foi com esforço que conseguiu entrar. Percebeu que havia um lugar vago, apesar de várias pessoas se acotovelarem no estreito corredor do carro. Aproximando-se com dificuldade do lugar vago, verificou que um homem dormia no assento do canto, notou que alguns passageiros se divertiam com a idéia de vê-la sentar ali. Ainda assim, sentou. Encostou a cabeça tentando dormir, mas mesmo àquela hora da manhã, já havia muita gente conversando. Com certeza pessoas que viajavam juntas diariamente.
Ainda com os olhos fechados, sentiu dedos em seu ouvido, assustada viu que era o homem ao lado. A figura havia acordado e estava importunando-a. Puxou seu cabelo, fazia-lhe cócegas e mostrava a todo instante a boca cheia de bolo para ela. E aí percebeu porque o lugar estava vazio, o homem já devia ser conhecido e parecia ter algum problema mental. Irritou-se com a risada de alguns passageiros.
Decidida a não terminar a viagem em pé, Ju resolveu, fazer com o homem o mesmo que ele fazia com ela. Enfiou o dedo no ouvido dele, fez-lhe cócegas e apertou seu nariz. A atitude pareceu surpreendê-lo, porque com cara de poucos amigos o homem voltou ao seu sono. E ela sorriu ao ver a cara dos passageiros, que não acreditavam que alguém tivesse feito aquilo.
Chegando ao consultório médico, mas uma surpresa desagradável lhe esperava, a recepcionista esquecera de avisar-lhe que a consulta havia sido adiada. Depois de um longo suspiro de descontentamento, caminhou para a porta. Até ouvir:
_ Dona Juramar, a senhora esqueceu a identidade.
Morrendo de vergonha voltou, pegou o documento e saiu apressada do local. Detestava seu nome, seu pai com a melhor das intenções, fizera uma junção de seu próprio nome Juracir, com o da esposa Maria e o resultado foi catastrófico.
A chuva aumentou muito e correu para entrar no banco,acabou entortando o pé e quebrando o salto.Não conteve um palavrão. E foi alto a ponto de pessoas próximas ouvirem. Mancando entrou no banco e foi informada que uma queda no sistema, prejudicava o andamento das operações e não havia previsão para o retorno.
Ju não estava acreditando, será que não devia ter saído de casa? Comprou uma sandália sem salto e suspirou quando chegou ao ponto do ônibus que a levaria de volta a casa sem incidentes. Mas o alívio foi precipitado, um carro que passou apressado, jogou água suja em toda sua roupa. A viagem foi feita com muito frio devido à roupa molhada e extremamente aborrecida.
Já em casa, seus pais riram a valer de seu dia. E mesmo irritada, pensou que realmente havia sido um dia sem igual. O dia seguinte seria diferente, sem dúvidas. Tinha outras coisas para resolver e traçou seus planos para o dia que viria.
Acordou, atrasada. O relógio não despertara. O chuveiro ainda estava sem funcionar e o banho foi de susto novamente. Optou por não fazer o café, queria sair logo. A chuva estava ainda mais forte e o frio mais intenso. Com um longo suspiro, abriu o portão e saiu.
_ Droga!!!!_ Gritou.
Ainda na porta de casa, enfiou o pé no cocô do cachorro do vizinho.
Ao perceber que a filha entrou, colocou o pijama novamente e voltou para cama, à mãe perguntou:
_ Desistiu de sair, filha?
_ É mãe tem dias que é melhor não sair de casa. _ disse cobrindo a cabeça e voltando a dormir.

Reage Rio.


Ontem lia um jornal e vi três notícias tristes e absurdas acontecidas aqui no Brasil. Fiquei atenta aos tele-jornais para obter maiores informações, mas para minha surpresa nada foi dito sobre tais assuntos. Aí me dei conta de que as três notícias não eram do Rio de Janeiro. Falavam de crimes e violências brutais, mas ainda assim nenhum tele-jornal havia noticiado.
Em contra partida toda a "sujeira" acontecida no Rio de Janeiro foram enaltecidas.
Conversando com um amigo de Brasília, fiquei sabendo que também lá, ocorre crimes bárbaros e não apenas os políticos. Há policiais que se corrompem, matam e extorquem, ao invés de proteger (que é para o que são pagos)... Até minha cidade natal em Salvador vive dias críticos no sentido da violência. Também no sul, há crimes de todas as espécies. Só que a pouca ou nenhuma divulgação faz com que quase ninguém tome conhecimento disso.
Fiquei imaginando se o Rio foi escolhido para dar audiência em assuntos tão tristes?
Longe do que possam imaginar, não fiquei satisfeita em ver que outros estados e regiões sofrem com os mesmo problemas sociais que o Rio. Mas acredito que a importância e evidência dos fatos não devem ser regionalizadas.
Infelizmente tudo o que se noticia sobre a violência do Rio de Janeiro é verdade.Não é bonito e nem agradável liderar estatísticas de balas perdidas. Mas também é verdade que não é o único estado no país a sofrer com fatos assustadores e hediondos.
Falta motivação e cidadania de todos os envolvidos, para mudar a imagem do nosso estado.
Está na hora do Rio reagir e mostrar que não é só do Reveillon de Copacabana e do carnaval, que devemos nos orgulhar. Falta união da população, empresários, governantes e autoridades para mostrar ao Brasil, que apesar de tudo a CIDADE CONTINUA MARAVILHOSA e O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO.

domingo, 29 de junho de 2008

Atitude é Tudo...



"Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia , olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça.
- Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje. Assim ela fez e teve um dia maravilhoso. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça.
- Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje. Assim ela fez e teve um dia magnífico. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.
- Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo. Assim ela fez e teve um dia divertido. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.
- Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo. ATITUDE É TUDO!


Seja mais humano e agradável com as pessoas. Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha.
Viva com simplicidade.


Ame generosamente.
Cuide-se intensamente.
Fale com gentileza.
E, principalmente, não reclame.
Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem!
Faça a sua parte,pois todo o resto a Deus pertence."
(Recebi esse texto por e-mail e acho que ele se encaixa bem no momento egoísta e individual que vivemos).

quinta-feira, 19 de junho de 2008

ANJO SOFRE!!!!!!


Pedro era um homem de aproximadamente quarenta anos. Trabalhava há mais de 12 na mesma empresa, tinha dois filhos e uma esposa dedicada. Mas era um eterno insatisfeito. Reclamava de tudo, vivia mal humorado e sempre resmungando.
_ Deus me ajude, não agüento mais essa vida.
Como o homem não especificava o que tanto o entristecia e incomodava, um dia o "Senhor" enviou um anjo para orientá-lo.
E foi dessa forma que Gabriel se aproximou de Pedro. Após algum tempo de conversa em um supermercado, o Anjo ficou sabendo que o que mais irritava Pedro, era a barulheira que existia em sua casa.
_ Ai, amigo daria tudo por um pouco de solidão.
Gabriel, assentiu.
Dias depois Pedro foi enviado a uma viagem de negócios que levaria mais ou menos três meses. Hospedado em uma pequena ilha, deliciava-se em ver-se só, sem o barulho dos filhos, as queixas da esposa e as broncas do patrão.
_ Não há nada melhor que isso. _ pensava.
Mas uma noite Pedro sentiu-se mal, foi rapidamente socorrido. O médico recomendou-lhe repouso e ele obedeceu. E foi aí que o homem se deu conta que estava sozinho. Não havia ninguém para dar-lhe os remédios na hora certa, para fazer-lhe algo para comer, ninguém para conversar e principalmente ninguém que estivesse realmente preocupado com seu estado. Nesse momento Pedro chorou, chorou de saudades da família.
Assim que sentiu-se um pouco melhor, voltou correndo para casa e nunca imaginou que fosse gostar tanto do barulho com que foi recebido.
Gabriel de onde estava, assistia a tudo sorrindo.
Mas Pedro não tinha jeito mesmo, logo reclamava de tanto trabalho. Achava que estava na hora de descansar.
Gabriel, que a tudo ouvia, intercedeu novamente e no dia seguinte Pedro era dispensado do emprego.
Apesar de não estar esperando por isso,gostou da idéia de ficar em casa uns tempos.
Porém o tempo passou e encontrou nosso homem abatido, envelhecido e ainda mais mal humorado. As constantes brigas entre os filhos, a obrigação de ajudar a esposa com os serviços domésticos, a situação financeira apertada e a dificuldade de conseguir nova colocação no ramo de trabalho, quase o levaram ao desespero. E Pedro passou a incluir em suas poucas preces uma nova chance de trabalho.
Gabriel achou que já era hora de atendê-lo.
E o chato do Pedro, conseguiu algo para fazer, não era tão bom como o que perdera, mas servia para seus atuais propósitos.
Logo era visível a mudança de Pedro.Voltara a sorrir, e é claro a reclamar também.
Sua essência era resmungar.
Um dia passou muito mal, e foi levado ao médico. Precisou ficar uns tempos internado e isso foi o fim para o mala do Pedro, que passava o tempo falando:
_ Não me faltava mais nada, até quando terei que ficar nesse lugar horrível?
_ Até se sentir melhor, querido. _ dizia a esposa com carinho.
Gabriel, sentado na beira da cama, fez com que Pedro levantasse e fosse caminhar pelo hospital. E não demorou para que ele se desse conta de quantas pessoas estavam ali, sem poder sequer ir ao banheiro ou alimentar-se sozinha. Pessoas que já haviam perdido a noção de quanto tempo estavam ali e o que era pior sem receberem uma única visita. Nosso Pedro envergonhou-se de suas atitudes.
Mas não por muito tempo. Pedro agora queria ser rico, muito rico. Só que dessa vez o Anjo Gabriel não pôde ajudá-lo, mas tinha algo que podia fazer.
Pedro saiu para comprar a bicicleta que o filho vinha pedindo há tempos. E quando saia da loja, uma menina de uns cinco anos com um belo sorriso, embora toda suja e mal vestida, pediu-lhe algo para comer. E ele percebeu que ainda que não fosse rico, ainda podia oferecer uma vida digna aos seus, e os pais daquela menina? Como deviam sentir- se, sabendo que precisavam pedir algo para comer caso quisessem sobreviver.
Pedro voltou para casa feliz, como há muito não sentia-se. Começou a dar valor à família, importância aos amigos e dedicar maior atenção à saúde e ao trabalho. Era outro homem.
Gabriel, satisfeito, retornou para seus outros afazeres.
Muito tempo passou e um dia Gabriel foi novamente chamado pelo Senhor.
_ O que houve, Mestre?
O Soberano não respondeu e Gabriel seguiu-lhe o olhar. E viu em um canto da casa Pedro chorando e lamentando.O Anjo balançou a cabeça e pensou:
"Esses humanos não aprendem. Anjo da guarda sofre..."






Agora são Horas e Minutos - Seja Bem Vindo(a)
Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.
(Mário de Andrade)