terça-feira, 1 de julho de 2008

Que Dia!!!!

O despertador tocou, tirando Ju de um lindo sonho. Primeiro dia de férias e já cheia de coisas para resolver antes de sua esperada viagem. Encaminhou-se ao banheiro e logo percebeu que o chuveiro havia queimado, como o frio era intenso, o banho foi rápido, quase relâmpago. O café saíra forte demais, mas se obrigou a beber mesmo assim.
Ao sair de casa percebeu que uma fina chuva caia._ esse dia ta prometendo _ pensou.
O ônibus chegou lotado ao ponto e foi com esforço que conseguiu entrar. Percebeu que havia um lugar vago, apesar de várias pessoas se acotovelarem no estreito corredor do carro. Aproximando-se com dificuldade do lugar vago, verificou que um homem dormia no assento do canto, notou que alguns passageiros se divertiam com a idéia de vê-la sentar ali. Ainda assim, sentou. Encostou a cabeça tentando dormir, mas mesmo àquela hora da manhã, já havia muita gente conversando. Com certeza pessoas que viajavam juntas diariamente.
Ainda com os olhos fechados, sentiu dedos em seu ouvido, assustada viu que era o homem ao lado. A figura havia acordado e estava importunando-a. Puxou seu cabelo, fazia-lhe cócegas e mostrava a todo instante a boca cheia de bolo para ela. E aí percebeu porque o lugar estava vazio, o homem já devia ser conhecido e parecia ter algum problema mental. Irritou-se com a risada de alguns passageiros.
Decidida a não terminar a viagem em pé, Ju resolveu, fazer com o homem o mesmo que ele fazia com ela. Enfiou o dedo no ouvido dele, fez-lhe cócegas e apertou seu nariz. A atitude pareceu surpreendê-lo, porque com cara de poucos amigos o homem voltou ao seu sono. E ela sorriu ao ver a cara dos passageiros, que não acreditavam que alguém tivesse feito aquilo.
Chegando ao consultório médico, mas uma surpresa desagradável lhe esperava, a recepcionista esquecera de avisar-lhe que a consulta havia sido adiada. Depois de um longo suspiro de descontentamento, caminhou para a porta. Até ouvir:
_ Dona Juramar, a senhora esqueceu a identidade.
Morrendo de vergonha voltou, pegou o documento e saiu apressada do local. Detestava seu nome, seu pai com a melhor das intenções, fizera uma junção de seu próprio nome Juracir, com o da esposa Maria e o resultado foi catastrófico.
A chuva aumentou muito e correu para entrar no banco,acabou entortando o pé e quebrando o salto.Não conteve um palavrão. E foi alto a ponto de pessoas próximas ouvirem. Mancando entrou no banco e foi informada que uma queda no sistema, prejudicava o andamento das operações e não havia previsão para o retorno.
Ju não estava acreditando, será que não devia ter saído de casa? Comprou uma sandália sem salto e suspirou quando chegou ao ponto do ônibus que a levaria de volta a casa sem incidentes. Mas o alívio foi precipitado, um carro que passou apressado, jogou água suja em toda sua roupa. A viagem foi feita com muito frio devido à roupa molhada e extremamente aborrecida.
Já em casa, seus pais riram a valer de seu dia. E mesmo irritada, pensou que realmente havia sido um dia sem igual. O dia seguinte seria diferente, sem dúvidas. Tinha outras coisas para resolver e traçou seus planos para o dia que viria.
Acordou, atrasada. O relógio não despertara. O chuveiro ainda estava sem funcionar e o banho foi de susto novamente. Optou por não fazer o café, queria sair logo. A chuva estava ainda mais forte e o frio mais intenso. Com um longo suspiro, abriu o portão e saiu.
_ Droga!!!!_ Gritou.
Ainda na porta de casa, enfiou o pé no cocô do cachorro do vizinho.
Ao perceber que a filha entrou, colocou o pijama novamente e voltou para cama, à mãe perguntou:
_ Desistiu de sair, filha?
_ É mãe tem dias que é melhor não sair de casa. _ disse cobrindo a cabeça e voltando a dormir.

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Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.
(Mário de Andrade)